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Quando a brincadeira vira alerta: entendendo os riscos do Roblox para crianças

O Roblox é hoje um dos fenômenos mais marcantes da era digital entre crianças e adolescentes.

Lançado em 2006, o jogo ultrapassou, nos últimos anos, a marca de 100 milhões de usuários ativos diários e consolidou-se como um espaço híbrido entre entretenimento, socialização e criação de conteúdo.

A plataforma oferece liberdade sem precedentes: cada jogador pode construir mundos, programar jogos, vender produtos e interagir com pessoas do mundo inteiro. O apelo é inegável — criatividade, pertencimento e diversão em um só lugar.

Mas essa mesma liberdade, quando vivida por crianças sem supervisão ou preparo, pode se transformar em vulnerabilidade.

E é exatamente isso que tem mobilizado governos, pesquisadores e órgãos de proteção à infância em todo o mundo.

Em 2025, países como Qatar, Kuwait, Omã e Iraque decidiram bloquear ou restringir o acesso ao Roblox após detectarem riscos significativos à segurança infantil. O argumento central é o mesmo em todos os comunicados oficiais: o ambiente digital da plataforma, embora tenha aparência lúdica e educativa, abriga conteúdos inadequados, interações com estranhos e ausência de mecanismos de controle eficazes.

Quando um jogo infantil começa a ser banido por razões de segurança pública, o alerta não pode mais ser ignorado.

Bloqueios e restrições em 2025 por motivos de segurança infantil.

De playground virtual a terreno de riscos

Em países como os Estados Unidos, a Roblox vem enfrentando processos judiciais de grande repercussão.

Em Kentucky, o procurador-geral Russell Coleman classificou a plataforma como “um playground para predadores”, denunciando a ausência de verificações de idade e de filtros eficientes para proteger menores de conversas e comportamentos inapropriados.

A ação cita dezenas de casos em que adultos criaram perfis falsos, interagiram com crianças e até coagiram menores a enviar fotos íntimas em troca de “Robux”, a moeda virtual da plataforma.

Esses episódios, infelizmente, não são exceções isoladas.

Um relatório publicado pelo jornal The Guardian em abril de 2025 descreveu o ambiente da Roblox como “profundamente perturbador”, apontando que, mesmo após anos de promessas de melhorias, “ainda há uma desconexão grave entre a aparência amigável da plataforma e a realidade do que as crianças experimentam dentro dela”.

O problema é sistêmico: uma plataforma construída para liberdade criativa tornou-se um espaço de difícil controle, onde convivem simultaneamente professores, crianças, artistas, influenciadores e criminosos virtuais.

E é esse contraste — entre a promessa de segurança e a exposição ao risco — que exige vigilância redobrada.

Quando a brincadeira se torna porta de entrada para o perigo

A fronteira entre o jogo e a vida real está cada vez mais tênue — e é justamente nesse espaço cinza que surgem os maiores riscos.

Nos últimos anos, autoridades de segurança digital e pesquisadores em comportamento infantil vêm alertando para um problema crescente: a presença de adultos mal-intencionados em plataformas frequentadas por crianças.

Em ambientes como o Roblox, onde qualquer usuário pode criar jogos, enviar mensagens e participar de grupos, a interação é quase ilimitada.

Essa liberdade, somada à ingenuidade própria da infância, abre brechas para o grooming digital — processo em que um adulto se aproxima da criança de forma aparentemente inocente, ganhando sua confiança até conduzi-la a conversas ou situações de risco.

The Guardian classificou o cenário como “profundamente perturbador”, destacando que “crianças conseguem acessar experiências inapropriadas e se comunicar livremente com adultos, mesmo sob filtros de segurança”.

Isso significa que, apesar de todos os avisos da plataforma, os predadores continuam encontrando caminhos.

A falta de supervisão em plataformas abertas cria espaço para aproximações perigosas.

Como acontecem as aproximações on-line

Pesquisadores de segurança digital do Centro Internacional de Estudos sobre Violência e Tecnologia (CIEVTec/USP) explicam que o primeiro passo desses predadores é o reconhecimento emocional.

Eles se fazem passar por crianças, adotam gírias e participam de jogos populares para se aproximar dos mais jovens.

Quando conquistam a confiança, passam a sugerir mudar de ambiente — levando a conversa para outros aplicativos de mensagem, onde o controle dos pais e da plataforma desaparece.

Essas interações podem começar com elogios simples (“você joga muito bem”) e evoluir para pedidos de amizade, trocas de fotos, convites para chats de voz e até tentativas de chantagem emocional.

A investigação americana que inspirou processos recentes mostrou que parte das vítimas nem percebeu que estava sendo manipulada.

Para elas, tratava-se apenas de um “amigo do jogo”.

O Brasil e a urgência da proteção digital infantil

No contexto brasileiro, esse tipo de risco é agravado por dois fatores principais: acesso precoce à internet e ausência de supervisão ativa.

Pesquisas da TIC Kids Online (Cetic.br, 2023) mostram que 93% das crianças entre 9 e 17 anos usam a internet diariamente, e quase metade delas o faz sem acompanhamento de um adulto.

Esse cenário é preocupante, pois quanto mais cedo a criança se conecta, mais cedo é exposta a conteúdos e comportamentos para os quais ainda não está emocionalmente preparada.

A falsa sensação de segurança (“meu filho joga só com amigos”) mascara o fato de que as plataformas não se limitam ao círculo conhecido da criança.

O mesmo estudo aponta que 1 em cada 5 crianças brasileiras já relatou ter recebido mensagens inapropriadas ou contatos suspeitos on-line.

Mesmo que nem todas ocorram dentro de jogos, a Roblox figura entre as plataformas mais citadas pelos pais quando questionados sobre “onde seus filhos passam mais tempo conectados”.

A ausência de supervisão e o anonimato digital formam terreno fértil para o aliciamento.

Entendendo o comportamento infantil no ambiente virtual

É importante compreender que crianças e adolescentes não possuem a mesma percepção de risco que os adultos.

A imersão nos jogos, o desejo de pertencimento e a busca por reconhecimento social são elementos que os tornam emocionalmente mais suscetíveis a manipulações.

Segundo a psicopedagoga e especialista em adolescência digital Rosely Sayão, “as crianças não estão só jogando — estão se construindo dentro desses espaços”.

O problema é que esse processo de construção acontece em um ambiente que também abriga pessoas com más intenções.

A ludicidade e o design das plataformas (cores vivas, recompensas constantes, sons de conquista) ativam áreas de prazer no cérebro semelhantes às de recompensas sociais.

Quando um adulto mal-intencionado reforça esses estímulos — com elogios, presentes virtuais ou promessas — ele não apenas ganha confiança: ele se insere no ciclo emocional de gratificação da criança.

Esse é o ponto mais perigoso: a manipulação deixa de ser percebida como invasão, e passa a parecer “amizade”.

O papel da família: vigilância sem culpa, presença sem invasão

A proteção começa em casa — e depende menos de tecnologia e mais de presença afetiva.

Pais e responsáveis não precisam ser especialistas digitais; precisam ser presentes e atentos.

Alguns passos essenciais:

  • Acompanhe o uso de perto. Esteja no mesmo ambiente físico enquanto a criança joga; pergunte sobre os amigos, o que fizeram, o que ela achou divertido.
  • Crie uma rotina de diálogo. Estabeleça conversas regulares sobre o que ela encontra on-line, sem julgamento ou punição imediata.
  • Use as ferramentas de controle parental, mas sem delegar tudo a elas.
  • Ensine sobre privacidade. Explique o que pode e o que não pode ser compartilhado — e por quê.
  • Reforce a confiança. Deixe claro que ela pode falar sobre qualquer situação estranha sem medo de bronca.

“Criança nunca deve estar sozinha em ambiente digital aberto. Se ela não ficaria sozinha com um desconhecido no mundo real, não deve estar sozinha no virtual.”

Supervisão é cuidado, não invasão.

A responsabilidade coletiva diante de uma infância conectada

Vivemos a primeira geração de crianças que crescem inteiramente imersas em ambientes digitais.

Elas aprendem, brincam, socializam e sonham por meio de telas.

Essa nova infância exige um novo tipo de responsabilidade: a presença contínua do adulto dentro do espaço virtual.

Ignorar o problema não o torna menos real.

O silêncio e a confiança cega são, hoje, os maiores aliados de quem age com má intenção na internet.

Por isso, falar sobre segurança digital deve ser rotina, não exceção.

Mais do que “vigiar”, o objetivo é ensinar a navegar com autonomia e consciência.

“A melhor proteção para uma criança não é o bloqueio, é o vínculo. Crianças que se sentem ouvidas tendem a pedir ajuda antes que algo aconteça.”

— Rosely Sayão

O Roblox é, sem dúvida, um dos espaços mais criativos do mundo digital.

Mas, por trás das cores e da diversão, há riscos reais que pedem atenção constante.

Proteger as crianças não é afastá-las da tecnologia — é caminhar com elas dentro dela.

A segurança digital infantil precisa ser um compromisso coletivo: pais, escola, sociedade e as próprias empresas de tecnologia.

O futuro que desejamos para nossas crianças começa com o cuidado que oferecemos agora.

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