Cuidar de uma horta é muito mais do que plantar sementes. Na Educação Infantil, a horta escolar transforma-se em um espaço de descobertas, experimentações e aprendizagens que vão além do contato com a terra. Quando as crianças regam, observam as plantas crescerem e colhem os frutos do próprio trabalho, vivenciam experiências que fortalecem o vínculo com a natureza e desenvolvem valores como responsabilidade, paciência e respeito pelo meio ambiente. Essa prática simples, mas poderosa, está diretamente ligada ao desenvolvimento infantil, pois reúne aspectos cognitivos, motores e socioemocionais em um mesmo cenário de aprendizagem.
A horta na escola é um convite para aprender de forma prática. Ao medir a quantidade de água para regar ou ao comparar o crescimento das mudas, a criança já exercita noções matemáticas básicas. Ao identificar cores, formas e texturas das folhas, amplia o vocabulário e a capacidade de observação. Ao experimentar novos alimentos colhidos, desenvolve hábitos alimentares mais saudáveis e aprende a valorizar a origem da comida que chega ao prato. Além disso, o contato direto com a terra favorece o desenvolvimento sensorial e motor, pois exige movimentos de cavar, plantar, regar e colher, que fortalecem tanto a coordenação fina quanto a ampla.
O valor da horta também está na dimensão social. Cuidar coletivamente de um espaço exige cooperação, diálogo e respeito às diferenças. Cada criança assume um papel – uns plantam, outros regam, outros observam – e juntos aprendem que o trabalho em equipe gera resultados concretos. Essa vivência contribui para que a criança compreenda, desde cedo, a importância da responsabilidade compartilhada e da solidariedade. Além disso, ao observar o ciclo da vida das plantas, a criança se conecta ao ritmo da natureza, entendendo que tudo tem seu tempo e que a paciência é parte fundamental do processo de aprender e crescer.
No contexto escolar, a horta se torna também um recurso pedagógico interdisciplinar. Professores podem integrar conteúdos de ciência, matemática, arte e linguagem em atividades relacionadas ao cultivo. Uma simples atividade de plantar feijão, por exemplo, abre espaço para falar sobre germinação, tempo, cuidado, alimentação e até para criar histórias ilustradas sobre a sementinha que cresce. Tudo isso fortalece a aprendizagem de forma concreta, significativa e lúdica, tornando o conhecimento mais próximo da realidade das crianças.
Ao valorizar a horta escolar, oferecemos às crianças a oportunidade de experimentar o mundo em sua forma mais simples e verdadeira. Elas aprendem a cuidar, a esperar, a compartilhar e a se encantar com o processo da vida. Mais do que verdura e fruta, colhem autonomia, consciência ambiental e o prazer de aprender de maneira ativa. E é exatamente nesse contato direto com a natureza que a infância floresce com mais cores, sentidos e significados.
